Uma conversa entre o clássico e o moderno, assim é o estilo Santaella
Dando sequência ao lançamento da coluna Da Terra, espaço destinado à valorização dos artistas do Amazonas, o Portal Maloca traz a entrevista com o jovem talento Matheus Santaella, ou simplesmente Santaella, como é conhecido no meio artístico.
Ele é um dos mais fortes expoentes da nova geração de artistas locais e falou sobre o seu trabalho com a jornalista Rebeca Beatriz, em meados de setembro (veja entrevista original abaixo).
Nessa revisita feita pelo Maloca, Santaella falou sobre a dificuldade que foi atravessar o ano de 2020 em meio a essa loucura da pandemia, dos medos, das incertezas, mas que ao final de tudo o ano termina descobertas de novos caminhos e ótimas perspectivas para 2021.
Santaella revela que, ainda nesta terça-feira (22), estava refletindo sobre tudo que passou nesse ano de 2020. “Foi um ano desafiador, difícil para mim (para todos na verdade). Eu estava em São Paulo quando a pandemia começou e aquela cidade virou um caos, foi uma loucura. Então decidi voltar para Manaus para fugir daquilo tudo”, relembra.
O artista conta que tudo parou em SP, shows, eventos, casas noturnas tudo ficou paralisado. “Vim para Manaus para fugir daquilo tudo e também para buscar oportunidades de trabalho aqui, mas a cidade também ficou paralisada”, conta.
Manaus entrou em isolamento no fim de março, logo no mês que Santaella voltou para a cidade.
Ele lembra que nesse momento “bateu um desespero”, pois toda a economia parou e o segmento de entretenimento foi o mais atingido pela crise e ninguém podia abrir seus espaços para eventos.
Com isso, o artista foi obrigado a adiar o lançamento do seu EP Primavera e a decisão foi muito difícil, pois tudo estava pronto.
No entanto, nesse fim de ano surgiu um alento para os artistas do Brasil inteiro: a lei federal Aldir Blanc que fomentou recursos para produções culturais e artísticos.
Pela ManausCult, da Prefeitura de Manaus, foi lançado o edital Conexões Culturais e o governo do Estado apresentou o edital Feliciano Lana.
E ele, pela primeira vez, se aventurou em inscrever trabalhos em editais públicos. “Foi uma experiência completamente nova pois é um processo complexo a elaboração do trabalho. É um universo diferente, mas vale muito à pena”, destacou.
Na avaliação dele, os editais são uma ótima opção pois geram emprego e renda para toda a cadeia produtiva da cultura. “Não só os artistas são beneficiados, mas todo o aparato por trás da produção é atendido. Os editais geram trabalho e renda”, destacou.
Após o sucesso alcançado com os editais, Santaella diz que vai ficar atento a essa nova forma de obter financiamento para a produção cultural.
Para fechar o ano, Santaella vai lançar dia 28 de dezembro o clipe em parceria com a cantora Beatriz Procópio e em 2021 lança seu EP Primavera.
“Conseguimos encerrar esse ano difícil com a produção do clipe e as perspectivas para o próximo ano são as melhores possíveis”, destacou o artista.
Perfil
A música sempre fez parte da vida do cantor e compositor amazonense Matheus Santaella, de 22 anos.
O artista, que lançou o single “Vem cá me diz”, disponível em todas as plataformas digitais, uma parceria com a cantora Beatriz Procópio falou sobre início da carreira, desafios de ser artista e projetos futuros.
Filho do cantor Deuzimar Fonseca e da jornalista Mônica Santaella, Matheus fez seu primeiro show aos 12 anos, na escola, e já começou com tudo! Com o talento no sangue, já enraizado na família, o artista fez pré-show das bandas nacionais Cine e Glória. E desde então, não parou mais.
Natiruts, Capital Inicial, ‘NxZero’, ‘Onze20’ e ‘Projota’ são apenas algumas das bandas para as quais o artista abriu a noite. Participou, ainda, do reality show nacional The Four Brasil.
Santaella tem três músicas lançadas em todas as plataformas digitais, “Hemisfério Hostil” (2018), “Só Agora” (2019), sendo este o seu maior sucesso, com 180 mil streamings no Spotify e “Estado Natural” (2019).
Suas influências musicais são, principalmente sucesso dos anos 80, o Queen, os Beatles e o rei do rock Elvis Presley. Mas a paixão de Santaella é a música brasileira e nomes consagrados como Djavan, Gilberto Gil e Elis Regina.
Apaixonado por samba e bossa nova, o amazonense define seu estilo musical como uma conversa entre o clássico e o moderno.
Confira o bate-papo com Matheus Santaella
Hoje você ocupa um espaço significativo no meio artístico, mas como foi que tudo começou?
Meu pai é músico (cantor) há uns 30 anos, minha mãe é jornalista e por isso se envolveu diversas vezes com arte, além de ser apaixonada por música. Uma criança crescendo nesse contexto não tem como não desenvolver os lados artísticos. Quando percebi, já estava cantando minhas composições, até que vieram eventos maiores, outros pré-shows de bandas nacionais. Tudo aconteceu muito rápido, mas de forma extremamente natural.
Qual tem sido a influência da internet na sua carreira?
A internet é um universo, assim como a música. As possibilidades que os produtores de música têm, assim como os próprios consumidores, são tantas que a arte se espalha de forma quase que automática. Isso é maravilhoso, mas também tem seus lados negativos. É muito mais difícil de se destacar num cenário desses e isso cria uma hierarquia. Por isso temos tantos artistas independentes no mundo.
O fato é que a internet facilita o contato dos músicos com os fãs de uma forma que antes não existia e isso me impulsiona a sempre gravar os melhores vídeos, sempre me posicionar fracamente, sempre me entregar na minha arte pois isso é reconhecido e os fãs são tudo na vida de um artista.
Como é interação com os fãs nas redes sociais?
Minha interação com os fãs é 100% aberta. Apesar de não passar 24h com o celular na mão, procuro sempre responder as mensagens que me mandam e até mesmo criar publicações. Inclusive existe fã clube no whatsapp (criaram um grupo) e estou presente lá! Sempre dando spoiler das coisas que vão vir (risos).
Duas Perguntas
Qual a sua inspiração na hora de compor e como é o processo de criação?
Normalmente, eu fico cantarolando alguma melodia que me vem à cabeça, até que pego o violão e começo a pensar em algo que estou passando ou já passei.
Sempre tento passar uma mensagem positiva nas letras. Apesar de muitas vezes a inspiração bater nos momentos mais difíceis, em que precisamos colocar pra fora, eu entendo que muitas pessoas vão se identificar com o que estou falando e meu papel é dizer o que aprendi com essa experiência. Procuro passar uma mensagem de esperança.
Quais os reflexos deste momento (de pandemia) para o cenário musical?
A pandemia atingiu vários mercados pelo mundo, mas o da arte foi um negócio fenomenal. Muitos estúdios faliram, muitos artistas sobreviveram de cestas básicas. Foi e ainda é uma situação muito complicada. O lado positivo foi a reinvenção de muitos artistas. As lives solidárias, os shows drive-in, até mesmo coisas mais criativas como shows participantes pelo Skype! Algo que não imaginaríamos antes.
Rapidinhas
Idade: 23
Signo: Virgem
Artista preferido: John Mayer
Cidade de Nascimento: Manaus
Lugar preferido em Manaus: No meio do rio negro
Um sonho: Um mundo 100% sustentável.
Um medo: Passar a vida procurando felicidade e não aproveitá-la de fato.
Um sentimento: Empatia.
Uma frase: “Há amor em todo lugar, basta procurar”.
Uma canção: Luz – Beatriz Procópio.
Status de relacionamento: Namorando.
Redes sociais: Instagram e Facebook.
Fotos: Aurora C.o.