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O médico sanitarista Claudio Maierovitch, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), defende que, nesta segunda onda, somente um confinamento mais rigoroso poderia frear o número de óbitos pelo coronavírus (covid-19) no Brasil.

“Se nós pudéssemos fazer um confinamento rigoroso, em que só os setores realmente essenciais ficassem funcionando, e ficassem funcionando com todas as medidas de proteção, e nós fizéssemos isso por três semanas – digamos –, não há dúvida de que nós teríamos um mergulho na curva do número de casos e do número de óbitos”, justifica.

Maierovitch presidiu a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de 2003 a 2005.

O especialista diz ainda que o país está numa corrida contra o vírus.

Segundo ele, “a cada dia que passa hoje, sem vacinar, é um dia a mais que a epidemia se prolonga”.

O médico, que também foi diretor de vigilância de doenças transmissíveis do Ministério da Saúde (2011-2016), alerta sobre o número de mortes diárias no Brasil.

“Isso está acontecendo num período em que estamos com quase mil mortes por dia de novo. Não é o que vai acontecer lá no final, é o que acontece hoje: um dia a mais que se espera significa quase mil mortes a mais, que poderiam ser evitadas se esse processo todo fosse acelerado.”

De acordo com ele, em 2020, a covid-19 sozinha superou qualquer outra causa de morte entre os brasileiros.

Portanto, segundo Maierovitch, “nós vamos continuar vivendo isso pelo menos durante esta fase inicial do ano de 2021”.

Para o médico, a situação da pandemia no país “ainda vai piorar antes de melhorar”.

Dessa forma, os primeiros meses de 2021 serão piores do que os últimos meses de 2020, acredita.

“Se nós não formos rápidos, isso vai continuar acontecendo ao longo do primeiro semestre inteiro até meados do final do ano”.

Como Miguel Nicolelis, outro cientista brasileiro internacionalmente reconhecido, Maierovitch defende os benefícios de um fechamento da economia para a proteção da população.

 

Planejamento

 

Essa medida, no entanto, não é possível sem um “comando centralizado”.

“As pessoas não desejam o confinamento. Elas só vão fazer o confinamento, só vão tomar as medidas necessárias se elas estiverem muito convencidas disso”, comentou.

De acordo com Claudio Maierovitch, o Brasil não ofertou suporte financeiro para um fechamento mais rígido do comércio.

“Não tivemos nem um esboço de reorganização da economia para enfrentar essa situação diferente. Não houve nenhuma atitude organizada de planejamento econômico”, critica.

 

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