Promessa na ginástica artística brasileira evolui nos treinos
O ano de 2020, marcado pela pandemia do novo coronavírus, tem testado a determinação de Christal Bezerra, 16. Mas a promessa da ginástica artística brasileira tem respondido da melhor maneira.
“Nós tínhamos muitos objetivos nesta temporada. No início do ano, ela teve apenas uma semana e meia de férias, porque projetamos um volume de trabalho grande. Quando soubemos que teríamos que ficar em isolamento, foi um desespero”, diz Beatriz Fragoso, treinadora de Christal no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP), em São Paulo.
Mas o que significa os 100% de Christal Bezerra? Por óbvio, sabemos que os 100% de um atleta mediano não seja lá muita coisa. Mas Beatriz, que treina a adolescente desde os oito anos de idade da atleta, tem a convicção de que prepara uma ginasta incomum.
A Christal tem um corpo excelente para a ginástica. O biotipo dela é forte, muito parecido com o das norte-americanas. Isso ajuda muito para que ela consiga desenvolver exercícios de alta complexidade. Vejo um futuro muito grande na Christal, entre outros motivos, porque o organismo dela suporta uma complexidade de elementos: salta muito alto, é bastante potente”, afirma a jovem treinadora.
Trabalho intenso
Integrante da seleção brasileira que obteve a sétima colocação na competição por equipes do Mundial Júnior de Györ (Hungria), em 2019, Christal tem trabalhado com intensidade para ser uma ginasta completa.
“Por ser muito forte, a Christal faz solo e salto sem muita dificuldade. A trave é mais desafiadora, por não ser muito flexível. É um aparelho que exige mais, mas ela vem evoluindo muito. Outro aspecto que chama a atenção é a habilidade que demonstra nas paralelas. Consigo ver a possibilidade dela ser uma ginasta tecnicamente completa à medida que for amadurecendo”, explica Beatriz.
Quem tem acompanhado os treinos da jovem ginasta percebe que ela agarra a chance de treinar com a nata da Ginástica Brasileira com toda a firmeza. “Acho que não dormi até o dia da viagem chegar. Prometi dar meu sangue, aproveitar cada minuto de aprendizado como se fosse o último”, diz Christal.
Conversando com Beatriz, é possível perceber que Christal é um dínamo capaz de transformar a carreira de sua própria treinadora. “O início do nosso trabalho foi em 2012. Tinha acabado de me formar em Educação Física e fazia uma transição, de atleta pra treinadora. Meu ex-treinador me chamou pra ser assistente dele. Assumi um grupo de crianças pequenas, de 7 ou 8 anos, e a Christal estava entre essas meninas”, conta.
“A presença dela na Seleção foi uma vitória e reforçou a convicção de que tínhamos que investir nela, visando ao alto nível. Fomos crescendo juntas, porque eu era uma treinadora muito jovem. Seguimos confiando uma no trabalho da outra. Pra mim, a Christal é uma menina muito especial. Fomos superando várias barreiras para ela mostrar o talento dela e o nosso trabalho. Nosso início foi ótimo, e também a busca para chegarmos ao alto rendimento”, finaliza.
Fonte: CBG