Operação Sanguessuga ‘quebra’ quadrilha que agia dentro do Detran-AM
A polícia do Amazonas deflagrou a operação “Sanguessuga” para desarticular uma organização criminosa responsável por fraudar mais de R$ 30 milhões em impostos estaduais e federais no Amazonas.
Dos alvos, 16 são despachantes documentalistas, um vistoriador, sete servidores do Detran, um ex-servidor, três ex-estagiários e um estagiário.
Os aliciados pelos despachantes recebiam propina mensal de R$ 5 mil para participar do esquema, segundo a investigação.
Estão sendo cumpridos 83 mandados de prisão, busca e apreensão em Manaus e no interior, desde as primeiras horas da manhã desta quarta-feira (02).
Equipes da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), a Civil, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-AM) e a Polícia Militar participam da ação.
Veja também: Bandidos ‘tocam terror’ em cidade paraense igual o ataque em Criciúma
Ao todo, foram presas 25 pessoas, sendo um em flagrante pelo crime de tráfico de drogas.
Com os suspeitos, foram apreendidos no total de R$ 100 mil em espécie, 15 veículos, duas armas de fogo, três quilos de entorpecentes, mais de 30 computadores e documentos.
A operação Sanguessuga é fruto de investigação da DERFV com colaboração do Detran-AM, e vem ocorrendo há mais de um ano.
Investigação
Os trabalhos começaram a partir da identificação, pelo Departamento de Trânsito, de condutas suspeitas no sistema de registro de veículos.
As investigações da Polícia Civil comprovaram a existência de uma estrutura criminosa voltada à sonegação de tributos estaduais e federais.
Esse grupo fraudou algo em torno de R$ 30 milhões em sonegação de impostos como ICMS, IPI e lucro cessante do IPVA.
O esquema
A quadrilha estava fraudando a emissão de Certificado de Registro de Veículo (CRV) e Certificado de Registro de Licenciamento de Veículo (CRLV), que deviam circular exclusivamente na Zona Franca de Manaus, mas estavam deixando o estado sem o recolhimento de tributos.
Os veículos eram revendidos para outros estados, com preços inferiores.
Foram comercializados veículos para o Pará, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
“A investigação comprovou que o esquema conseguia também emitir segundas vias de documentos CRV a fim de ‘esquentar’ veículos roubados e clonados, ou seja, eles clandestinamente auxiliavam quadrilhas que roubavam e clonavam veículos com a emissão de documentos para esses veículos trafegarem livremente”, destacou o delegado Cícero Túlio.
Os membros da organização criminosa vão responder por seis crimes diferentes. Associação criminosa, corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica, tráfico de influência, inserção de dados falsos em sistema de informação e crimes contra a ordem tributária.
Estão sendo cumpridos 83 mandados de prisão temporária, sendo 29 de prisão temporária e 19 de busca e apreensão.
A Derfv também pediu o sequestro de 35 veículos com o proveito econômico do crime.
Fotos: Erlon Rodrigues/PC-AM