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O braço financeiro do PCC (Primeiro Comando da Capital) desarticulado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo no mês passado movimentou R$ 1 bilhão proveniente do tráfico de drogas no período de janeiro de 2018 a julho de 2019.

A Justiça aceitou na sexta-feira (23) a denúncia oferecida pelo MP contra 19 integrantes da organização criminosa. Todos se tornaram réus e agora respondem a processo por lavagem de dinheiro e ocultação de bens e valores. Eles também tiveram a prisão preventiva decretada.

 

Organograma da facção

 

Os nomes dos réus aparecem no mais novo organograma da facção, divulgado no dia 14 de setembro deste ano pelo MP. Ao todo eram 21 acusados. Dois morreram em tiroteios com policiais militares. Dez estão presos, um encontra-se em prisão domiciliar e oito continuam foragidos.

 

Início das investigações 

 

As investigações começaram em 8 de agosto de 2018, após a prisão de Robson Sampaio de Lima, chamado de “Tubarão” e “Alemanha” e apontado como contador do grupo. Com ele, haviam sido apreendidos um notebook, diversos aparelhos de telefone celular e farta contabilidade.

 

(Foto: ReproduçãoUOL)

 

As apurações iniciais mostravam que os acusados tinham movimentado de janeiro a agosto de 2018 R$ 50 milhões e US$ 3,7 milhões (equivalentes a R$ 14 milhões à época); conforme reportagem publicada nesta coluna no último dia 18.

Porém, após novas análises minuciosas no notebook, nos celulares e em planilhas encontradas com os demais investigados, a movimentação de valores do braço financeiro aumentou para R$ 1 bilhão em um ano e meio. A facção usou dois doleiros para lavar o dinheiro.

 

Primeira fase da “Lava Jato do PCC”

 

A desarticulação desse braço financeiro do PCC é considerada pelo Ministério Público como a primeira fase da operação “Lava Jato” contra a maior organização criminosa do país.

Segundo o MP, a facção criminosa comprou 15 toneladas de cocaína apenas no primeiro semestre de 2019. A maior parte da droga foi transportada para a Baixada Santista e pode ter sido enviada para a Europa via porto de Santos.

O MP apurou ainda que o PCC gastou US$ 925.860,00 na aquisição de aeronaves; contratações de pilotos para transportar drogas; despesas com combustíveis e reposição de peças para os aviões e helicópteros.

Os integrantes do braço financeiro do PCC se comunicavam usando apelidos para dificultar possível identificação. Os líderes do esquema utilizavam Iphone de última geração e mantinham uma rede restrita para trocar mensagens.

Na reportagem publicada nesta coluna no último dia 18, os apelidos dos acusados não foram revelados porque o processo corria em segredo de Justiça.

 

Hierarquia e Apelidos

 

Os celulares apreendidos com Lima, o “Alemanha”, continham dezenas de mensagens com Carla Luy Riciotti Lima. Ela era chamada de “Chechênia” e uma de suas funções, de acordo com o MP, era providenciar os telefones para uso da rede restrita dos líderes.

As investigações mostraram que “Alemanha” era subordinado a Marcelo Moreira Prado, o “Exu”, e Eduardo Aparecido de Almeida, o “Pisca”, ambos da alta cúpula do PCC presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, e a Patrick Uelinton Salomão, recolhido na Penitenciária Federal de Brasília.

“Alemanha” prestava contas sobre a movimentação financeira para Valceci Alves dos Santos, o “Colorido”, e Marcos Roberto de Almeida, mais conhecido como “Tuta”, mas também chamado de “Angola” na rede restrita do braço financeiro. Ambos estão foragidos.

“Colorido” é apontado pelo Ministério Público como o maior fornecedor de drogas do PCC na atualidade. “Tuta” é considerado pelo MP como o número 1 da facção nas ruas e depois dele, no topo do novo organograma, aparece Décio Gouveia Luís, o “Décio Português”, preso na P2 de Venceslau.

 

Aquisições 

 

Promotores de Justiça descobriram que alguns dos investigados adquiriram casas de luxo, transportadoras, salões de beleza e clínicas de estética em bairros nobres da capital e Grande São Paulo.

“Colorido” também é acusado pelo MP de ter adquirido três imóveis em Alphaville. Odair Lopes Mazzi Júnior, o “Argentina”, outro foragido; tem, segundo as investigações, imóveis em Alphaville, restaurante e salão de beleza em Moema e apartamento no Morumbi.

Edmilson de Menezes é acusado de ter transportadora. Ele está foragido e, de acordo com o MP, é cunhado de um preso apontado como o número 2 na hierarquia do PCC; recolhido na Penitenciária Federal de Brasília.

Advogados dos acusados procurados pelo UOL disseram que ainda não tinham tido acesso à decisão judicial e que iriam se pronunciar oportunamente.

 

 

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Fonte: UOL

 

(Foto: Reprodução/Reuters)