Indígenas usam remédio de jenipapo e maconha contra a Covid-19
Na aldeia de Bacurizinho, que abriga indígenas da etnia Guajajara, no centro do Maranhão, uma farmácia de remédios naturais para as mais diversas doenças – entre elas a covid-19 – chama atenção. No território indígena banhado pelo Rio Grajaú, garrafadas de medicamentos naturais são expostas e penduradas acima do balcão, com a indicação da doença para as quais são recomendadas.
Ingredientes exóticos
Os ingredientes são vários, todos extraídos de plantas da região, como o jenipapo e a cannabis sativa (a planta da maconha). Edilene Souza Guajajara, conselheira de saúde que prepara e vende os fármacos naturais para a comunidade, dá as receitas para tratamento do novo coronavírus.
Segundo a ciência do homem branco, não há comprovação científica da eficácia dos tratamentos, mas a cultura indígena tem suas próprias crenças e uma medicina tradicional.
Remédio contra a covid
De acordo com a conselheira, houve medo com a chegada da Covid-19, mas esses remédios vêm ajudando muito os indígenas da região a se curarem. “Alguns parentes que não queriam ir para a cidade e para o hospital tomaram esse remédio caseiro e muitos foram curados. Fizemos uma garrafada também para as crianças tomarem, com casca de cumaru e sucupira”, descreve.
É importante lembrar que os não indígenas não têm um tratamento específico para a Covid-19 até agora e o que se faz em boa parte dos casos é tratar os sintomas, como febre e dores. Ainda não há remédio ou vacina contra o coronavírus.
Cacique Iara Marise Guajajara
A aldeia, que é comandada por uma mulher, a cacique Iara Marise Guajajara, teve uma morte pela doença. “Tivemos o óbito de um indígena, que era idoso, tinha 84 anos e era hipertenso e diabético”, conta a cacique.
Resultados
O casal indígena Sônia Maria de Souza Guajajara, 43 anos, e Audrin Mendes Guajajara, 46, tiveram Covid-19. Ambos tomaram remédios naturais. Hoje, estão recuperados. De acordo com Audrin, eles sentiram muita febre e cansaço e, após se consultarem na Unidade de Saúde Básica Indígena (UBSI), foram diagnosticados com a doença. “Quem teve Covid primeiro foi minha esposa, e nós tomamos remédio do mato. Senti muito cansaço e muita dor de ouvido”, conta.
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Fotos: Reprodução/Metrópoles