‘Fala beiradão’: primeira obra de expressões amazônicas escrita por ribeirinhos
“Rés”, “mizura”, “telézé”, “maceta”, “acho é pouco” “espia!” estas e mais uma imensidão de outras expressões do vocabulário da população ribeirinha do Amazonas estão reunidos em “Fala Beiradão”, desenvolvido pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) em parceria com o Instituto Altair Martins (Iamar).
“Fala Beiradão” é a primeira obra com termos e expressões “amazônicas” inteiramente escrita por jovens ribeirinhos. Os 150 autores do livro vivem espalhados em 40 comunidades situadas em quatro Unidades de Conservação (UC) onde a FAS atua: a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) de Anamã, que abrange os municípios de Codajás, Coari, Maraã e Barcelos; a RDS do Juma, que abrange o município de Novo Aripuanã; a RDS Rio Negro, que abarca Iranduba, Manacapuru e Novo Airão; e a Área de Preservação Ambiental (APA) Rio Negro, situada entre os territórios de Manaus, Presidente Figueiredo e Novo Airão.
O atlas ribeirinho contém 180 páginas onde é possível encontrar 60 termos e expressões, seus significados e exemplos de uso, bem como, fotografias, mapas e informações socioambientais sobre as regiões e as comunidades onde vivem essas populações, por fim, a publicação ainda presenteia o leitor com ilustrações produzidas pelas crianças e adolescentes atendidos pela FAS.
Foto: Keila Serruya
Foto: Dirce Quintino
Região Amazônica
As palavras de Jean Santos, no prefácio da publicação, ditam o “missão” do livro. “Numa região de superlativos como a Amazônia, a língua é mais que um veículo de comunicação e expressão entre indivíduos. Ela sustenta uma cultura oral que preserva os conhecimentos, memórias e as identidades dos povos amazônicos. Essa heterogeneidade linguística, que tem influências principalmente indígena, nordestina e portuguesa, é também uma das maiores riquezas da Amazônia, e é a partir do olhar para esta riqueza, tão espontânea e autêntica, que nasce esta obra”.
A publicação tem como principal objetivo documentar essas diferenças linguísticas e por consequência potencializá-las, a fim de mostrar a diversidade amazônica. O Amazonas, com dimensões continentais, de fato, é plural. A publicação faz frente ao reducionismo que insiste em generalizar as populações ribeirinhas. Por outro lado, também homenageia a realidade, estilo de vida e tradições dessas comunidades, sendo uma fonte de conhecimento incrível para desmistificar e informar acerca dessas populações.
“Fala Beiradão”
“Fala Beiradão” é editorado pela FAS e organizado por Emerson Pontes, com coordenação geral de Virgílio Viana e prefácio do escritor amazonense Jan Santos. As fotografias são de Dirce Quintino, Bruno Kelly, Keila Serruya, Marina Amazonas e Emerson Pontes. A capa e o projeto gráfico são do designer Bosco Leite e as ilustrações de crianças e adolescentes ribeirinhos.
Link da Publicação: https://fas-amazonas.org/novosite/wp-content/uploads/2020/11/fala-beiradao.pdf
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