Eleições 2020 têm recorde de indígenas eleitos prefeitos
No primeiro turno das eleições municipais realizado no último domingo (15), oito prefeitos de origem indígena foram eleitos. Os dados são preliminares, mas o número já é maior que o registrado no primeiro turno de 2016, quando o total de índios eleitos prefeitos foi de seis, registrando um crescimento de 33%.
De acordo com Paulo Paim – “A vitória dos nossos irmãos indígenas, com prefeitos e vereadores eleitos, mostra que nosso país está no caminho certo. Com racismo não há democracia! Prefeitos e vereadores indígenas eleitos por diferentes partidos, mas todos com uma causa comum: a ocupação do espaço na política brasileira, que também é um direito deles”, afirmou o senador em entrevista à Agência Senado.
TSE
De acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ainda não estão disponíveis os dados consolidados dos candidatos eleitos no primeiro turno das eleições com o recorte da raça declarada. Durante entrevista coletiva com um balanço da votação, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que o país está avançando no que diz respeito à inclusão.
“Temos andado na direção certa, ainda quando não na velocidade desejada, na inclusão de mulheres e pessoas que se identificam como negras na vida brasileira. Também tivemos oito prefeitos de origem indígena eleitos”, informou presidente do TSE durante a coletiva.
Por fim, os dados completos sobre prefeitos, vice-prefeitos e vereadores índios eleitos estarão disponíveis na sexta-feira (20).
Candidaturas
Além disso, o número total de índios candidatos para as eleições municipais também registrou aumento em 2020 com relação a 2016. De acordo com os dados, neste ano, foram 2.216 candidatos que se declararam índios, 0,4% do total. Em 2016, foram 1.715 candidatos, o que representava 0,35% do total de candidaturas. O crescimento é de 29%.
Conquista Histórica
Para o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), cada mandato conquistado por um índio é também uma conquista histórica. O senador disse acreditar que a participação na política e a eleição de índios, negros, pobres e representantes da população LGBTQIA+ são poderosas vitórias para barrar retrocessos e garantir diretos civis e individuais.
“A representatividade na política é essencial para combater o preconceito e tornar a sociedade mais justa, dando aos índios a chance de ter vez e voz nas decisões políticas que historicamente os massacraram no Brasil”, disse o senador.
Direito dos Povos Indígenas
Para garantir o direito dos povos indígenas de escolher seus representantes por meio do voto, a Justiça Eleitoral envia às aldeias, por terra ou meio fluvial ou aéreo, toda a estrutura necessária para que sejam montadas a seção de votação e a estação de transmissão de dados via satélite. O trabalho muitas vezes só é possível com o apoio das Forças Armadas. Além disso, os tribunais regionais eleitorais (TREs) realizam constantes ações com essas comunidades.
O TSE assegura o alistamento eleitoral facultativo aos índios que, segundo seu estatuto (Lei 6.001/1973), sejam considerados isolados e em vias de integração. Já para quem pretende se candidatar, o alistamento é indispensável.
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Foto: Leopoldo Silva