Curta amazonense “Graves e Agudos em construção” recebe destaque

julho 12, 2021 Cath Senna 0

O cinema amazonense tem ganhado visibilidade em festivais nos últimos anos. Recentemente, um dos destaques do estado foi o cineasta Walter Fernandes Jr, que levou prêmio de Melhor Curta Brasileiro com “Graves e Agudos em Construção, no 7º Festival Brasil de Cinema Internacional.

O diretor Walter Fernandes Jr, que já produziu oito curtas em sua carreira, teve a ideia para o roteiro do curta “Graves e Agudos em Construção” há 10 anos, mas só pode produzi-lo agora e já recebeu muitas indicações e prêmios em festivais nacionais e internacionais. Trazendo um pedreiro, uma prostituta e um menino, Walter buscou trazer as angústias vividas pelas pessoas.

“O filme não tem uma mensagem, ele tem uma espécie de deslumbre, podendo levar o espectador a uma espécie de reflexão sobre o que vivemos, as angústias, e as ânsias, é isso que ele explora. É mais uma sensação do que o entendimento propriamente dito sobre o que acontece racionalmente no filme”.

Segundo o diretor, seus curtas, no geral, possuem influências do cinema brasileiro dos anos 60, o que não foi diferente em “Graves e Agudos em Construção”, que possui inspirações de cineastas como Júlio Bressane e Ozualdo Candeias. Ele também diz que não busca se parecer com o padrão do cinema estrangeiro, e sim manter a identidade brasileira.

“O cinema brasileiro atual está muito mais preocupado em parecer um cinema estrangeiro, com cara de Estados Unidos ou Europa, do que manter a identidade. Então, minha modesta intenção é tentar reviver um pouco esse cinema dos anos 60”.

Para a escolha do elenco, o produtor Ricardo Manjaro, indicou Álex Jansen para Walter, pois precisavam de um guitarrista para as cenas. Enquanto que a atriz Julia Kahane foi escolhida pelo próprio diretor, devido ao fato dele a ter visto em cena na peça “Vacas bravas”, e achou sua performance excelente. Por fim, o ator mirim, Rhuann Gabriel, foi selecionado em teste com mais cinco crianças, onde ele teve mais destaque.

A produção do curta “Graves e Agudos em Construção” além de ser feito no período de pandemia, ainda enfrentou dificuldades relacionadas ao tempo de produção e entrega. O material foi produzido a partir do Edital “Conexões Culturais”, e foi feito entre final de novembro e final de dezembro de 2020.

“Mesmo sendo um curta-metragem, a correria para aprontar e entregar o filme para prefeitura foi o mais difícil, até porque aqui em Manaus não tem tanta gente para tantas funções, tanto que teve uma “seca” de profissionais”.

O público está acostumado com filmes mais diretos e objetivos, porém, segundo Walter, o curta “Graves e Agudos em Construção” trafega por outros caminhos. “O curta não está preocupado em agradar todo mundo, eu gosto que o público consiga ter um entendimento ou uma sensação particular, que não tenha interpretação genérica, onde todo mundo vê a mesma coisa”.

Assim como os prêmios conquistados por “O Barco e o Rio”, de Bernardo Abinader, produções como “Graves e Agudos em Construção”, despertaram interesse da Reitoria da Universidade do Estado do Amazonas para uma possível volta do curso de Produção Audiovisual, o que seria uma oportunidade para graduar mais profissionais da área. Segundo o cineasta, ele considera que “ganhar prêmios” não deve ser prioridade na hora de começar a produzir filmes, por mais que seja algo bacana.

“Precisamos de mais gente qualificada para suprir a demanda. O cinema amazonense, devido às políticas públicas, fomentando produções com editais, têm trazido novas pessoas no ramo do cinema, e até quem nunca havia feito filmes começou a ter interesse. Mas, o mais importante é produzir e exibir bastante, e o prêmio deve ser algo que vem em terceiro lugar”, finaliza o cineasta.

Prêmios de “Graves e Agudos em Construção”