Crânio de ‘primo’ dos humanos de 2 milhões de anos traz novas pistas sobre evolução
Pesquisadores australianos dizem que a descoberta de um crânio de dois milhões de anos na África do Sul lança mais luz sobre a evolução humana.
É um Paranthropus robustus macho, uma “espécie prima” do Homo erectus, portanto, uma espécie ancestral direta dos humanos modernos.
As duas espécies viveram na mesma época, contudo, o Paranthropus robustus desapareceu mais cedo. Ademais, a equipe de pesquisa disse que a descoberta é emocionante.
Descoberta
“A maior parte do registro fóssil é apenas um único dente aqui e ali, então ter algo assim é muito raro, muita sorte”, disse Angeline Leece à BBC.
Os pesquisadores, da Universidade La Trobe de Melbourne, encontraram os fragmentos do crânio em 2018 no sítio arqueológico Drimolen, ao norte de Johanesburgo.
Os arqueólogos então passaram os últimos anos juntando peças e analisando o fóssil. Por fim, suas descobertas constam na revista Nature, Ecology and Evolution na terça-feira (10/11).
Outras descobertas
O co-pesquisador Jesse Martin disse à BBC que manusear as peças fósseis é como trabalhar com “papelão úmido”, acrescentando que usou canudos de plástico para sugar os últimos vestígios de sujeira deles.
Ele foi descoberto a poucos metros de um local onde um crânio de criança Homo erectus com idade semelhante havia sido descoberto em 2015.
‘Espécies concorrentes’
Acredita-se que três espécies de hominídeos (criaturas semelhantes aos humanos) viveram na África do Sul ao mesmo tempo, competindo entre si.
A descoberta do crânio seria um raro exemplo de “microevolução” dentro da linhagem humana, disse Martin.
Paranthropus robustus
Paranthropus robustus tinha dentes grandes e cérebros pequenos, diferindo do Homo erectus, que tinha cérebros grandes e dentes pequenos. Acredita-se que a dieta do primeiro envolveu comer principalmente plantas duras, como tubérculos e casca.
“Com o tempo, o Paranthropus robustus provavelmente evoluiu para gerar e suportar forças superiores produzidas durante a mordida e a mastigação de alimentos que eram difíceis ou mecanicamente desafiadores de processar com suas mandíbulas e dentes”, disse Leece.
Os cientistas disseram que é possível que um ambiente mais úmido causado pela mudança climática possa ter reduzido a quantidade de alimentos disponíveis para eles.
Homo erectus
Enquanto isso, o Homo erectus, com seus dentes menores, tinha maior possibilidade de comer tanto plantas quanto carne.
“Essas duas espécies muito diferentes (…) representam experimentos evolutivos divergentes”, disse Leece.
“Embora sejamos a linhagem que venceu no final, há dois milhões de anos o registro fóssil sugere que Paranthropus robustus era muito mais comum do que o Homo erectus.”.
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Foto: La Trobe University