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Conheça o “Livro da Argila, Ëliwë Pampila, Orino Papeh”, fruto de um trabalho coletivo de autores e pesquisadores indígenas, onde se documenta os saberes e fazeres da cerâmica das mulheres das etnias Wayana e Aparai.

Seis capítulos abordam temas como o histórico e o atual contexto de vida dos Wayana e Aparai, o misticismo que subjaz à arte cerâmica destes povos, as técnicas da confecção dos artefatos, os diferentes tipos de recipientes cerâmicos e seus usos (cotidiano ou ritual) e as pinturas e grafismos a eles aplicados.

 

 

O livro teve o seu conteúdo discutido e estabelecido em uma série de oficinas realizadas entre 2014 e 2016 por iniciativa da Associação dos Povos Indígenas Wayana e Aparai (APIWA), em parceria com o Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé). Durante os encontros, os autores e pesquisadores indígenas realizaram ilustrações e documentação fotográfica, produziram textos nas línguas Wayana e Aparai, e, posteriormente, as transcrições e correções.

 

Cerâmica Wayana e Aparai

 

De acordo com o livro, os artefatos confeccionados pelos Wayana e Aparai apresentam formas tão diferenciadas e particulares que desafiam a imaginação de quem os admira. Produzidos para serem utilizados na vida cotidiana ou em momentos rituais, remetem a aspectos que estão além de sua função, de sua forma, dos materiais que o compõem. Ainda de acordo com a obra, cada objeto revela as intenções, os saberes, as memórias, o senso estético e as relações sociais da pessoa que o confeccionou, seja homem ou mulher.

 

Confecção
 

Quanto à confecção, um trecho específico do livro retrata o simbolismo e a beleza da prática das ceramistas indígenas, percebe-se com a leitura que a confecção de objetos de argila constitui uma verdadeira arte para as mulheres Wayana e Aparai. Elas acreditam que os conhecimentos e habilidades técnicas de uma pessoa estão relacionadas com os olhos e as mãos. Segundo esse pensamento, os olhos guiam os gestos que permitem a confecção dos artefatos e as mãos asseguram que os conhecimentos não se percam e, para isto, uma ceramista deve passar os dedos nos contornos de uma vasilha para guardar a sua forma e aspecto.

 

Realização

 

O livro teve apoio e fomento do o Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé) que é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 2002, com o objetivo de contribuir para o fortalecimento cultural e político e para o desenvolvimento sustentável das comunidades indígenas que vivem no Amapá e norte do Pará. O Instituto proporciona-lhes assessoria especializada e capacitação técnica diversificada, para que se organizem e possam enfrentar, de forma articulada, os desafios crescentes que se colocam hoje às suas comunidades e organizações, para a defesa de seus direitos e interesses.

 

 

Link para baixar o livro: O Livro da Argila 

 

 

Veja também: Portal Maloca – Povos indígenas declaram Emergência Climática na Amazônia

 

Foto: Meliam Gaspar.