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O Boi Caprichoso terá um centro de referência de documentação e memória em Parintins (Cedem), a partir da contemplação na Lei Aldir Blanc, emergencial de incentivo à cultura, por meio do Prêmio Feliciano Lana.

O projeto aprovado é de autoria do membro do Conselho de Artes, Diego Omar Oliveira, professor de história do Centro de Estudos Superiores de Parintins (Cesp) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e doutorando do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

“Nossa ideia é implementar o projeto que a gente aprovou na Lei Aldir Blanc, no Prêmio Feliciano Lana, para o centro de documentação e memória do Caprichoso. Vai funcionar um pouco como funciona um centro de documentação e memória espalhado pelo Brasil. Eu sentia muita falta disso no boi, já que as informações e os acervos estão espalhados nas mãos de sócios, torcedores, colecionadores, pesquisadores, mas a gente não conseguia reunir esse conjunto de informações no boi”, explica o autor do projeto.

O espaço vai abrigar os acervos da história centenária do Boi Caprichoso.

O conselheiro de artes afirma que o projeto é um esforço do boi para pensar a própria memória, com investimentos de recursos públicos conquistados via Lei Aldir Blanc, que apoia uma série de ações de salvaguarda do patrimônio cultural brasileiro.

 

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“Vale lembrar que desde 2018, quando os bois de Parintins foram reconhecidos como patrimônio imaterial, a gente não teve uma grande ação de investimento na memória dos bois, exatamente para salvaguardar os saberes tradicionais, as transformações, os acontecimentos que marcam essa festa”, pontua.

 

Centro de referência

 

De acordo com Diego Omar, a proposta visa construir um espaço para tudo que diz respeito à história e à memória do bumbá.

O centro tem três frentes de trabalho.

A primeira é equipar espaço para receber os acervos documentos de quem guarda um pouco da história do boi, da atuação como artista e dirigente.

“Que possam nos destinar acervos pessoais ou material que recolheram durante o tempo que trabalharam. Aqueles que não quiserem doar, podem nos oferecer para a gente catalogar, tratar e digitalizar. Isso vai ampliar muito as chances de inserir o boi no circuito cultural nacional e nas pesquisas dentro das universidades”, enfatiza.

O autor do projeto diz que futuramente todo o acervo será disponibilizado on-line ao povo, porque pertence a quem ajudou a fazer a história do Boi Caprichoso.

A segunda frente de trabalho consiste na criação do Programa de História Oral denominado “Histórias de um povo Caprichoso”.

“Nós faremos 108 entrevistas em alusão aos 108 anos do boi que contem, a partir das pessoas, essa história que é de um coletivo. Vamos tratar de uma memória coletiva a partir de um ponto de vista de cada um que fez parte dessa história. Vamos gravar entrevistas com os guardiões da memória, pessoas mais velhas, que viram o boi em outro tempo”, declara.

Serão inseridos ex-dirigentes, itens, torcedores apaixonados, membros de torcidas organizadas, músicos, compositores, entre outros movimentos integrados ao boi. “Essas 108 entrevistas ficarão disponíveis publicamente na Internet em um canal no YouTube que a gente vai criar, não só em vídeo, mas textualizado”, pondera Diego Omar.

Conforme o autor do projeto, a terceira frente de trabalho é montar uma mostra permanente sobre a história do Boi Caprichoso.

“Acredito que esse que vai atrair bastante a comunidade. Temos isso muito timidamente no Liceu de Artes, mas a gente quer que as pessoas que visitam Parintins possam conhecer mais profundamente a história do Caprichoso. É um lugar onde as pessoas são convidadas a fazer um mergulho na linha do tempo do boi. Nosso esforço é de reunião das memórias e a pluralidade para construir uma história mais democrática, sem focar em ícones, pessoas que fizeram sozinhas algo. A gente acredita que o boi foi feito por muitas mãos”, finaliza.

 

Com informações da assessoria

 

Foto: Bianca Paiva/Agência Brasil