Biblioteca braille do Amazonas possui terceiro maior acervo do país
As prateleiras da biblioteca braille do Amazonas guardam histórias e relatos diversos, que além do incentivo à leitura, mantêm viva a memória e a identidade cultural da população.
Fundado em 1999, o local preserva um acervo que faz da biblioteca braille a terceira maior do país. São cinco mil livros falados e 46 mil títulos digitalizados. Além disso, também existem audiolivros, e filmes com audiodescrição.
Entre os títulos em braile, estão obras como Harry Potter, Cinquenta Tons de Cinza, toda a coleção do escritor Monteiro Lobato, livros de Paulo Coelho e até clássicos infantis como Cinderella e João e Maria.
O gerente da biblioteca, Gilson Mauro Pereira perdeu completamente a visão ainda na adolescência. Ele comentou que o espaço é aberto não só para os deficientes visuais, mas para qualquer pessoa que deseja conhecer ou aprender mais sobre o assunto, e que isso é indispensável durante o processo de inclusão.
“É uma biblioteca com política de inclusão social. É um local de pessoas, de seres humanos, onde dividimos o pouco que temos para que a pessoa tenha muito”, disse.
A biblioteca produz ainda o seu próprio material, em um estúdio onde são feitas as gravações dos livros falados, cardápios e a revistas em braille.
Para a estudante de jornalismo Thaís Almeida, que trabalha no local há mais de um ano, mesmo com toda a experiência prática aprendida na área, a maior lição de vida é conhecer histórias de superação.
“A gente praticamente produz tudo, e aprende na prática, mas, sem dúvidas, o aprendizado que tu leva com a vida das pessoas que têm deficiências é o que mais ensina. São várias histórias que te comovem e o trabalho em si é bem legal porque não é muito conhecido”, destacou.
O local recebe, ainda, voluntários que desejam doar parte de seu tempo para fazer a leitura dos livros falados e registrar no acervo. Também são oferecidas aulas gratuitas de braille e instrumentos musicais para a população.
É entre tantas histórias, narrativas e solidariedade, que o braille ganha força, ajuda a reescrever histórias, comprovando que é possível se ter o mundo ao alcance das mãos.
Dia Nacional do Braille
O Dia Nacional do Sistema Braille, em 8 de abril, propõe uma reflexão sobre os desafios enfrentados pelas pessoas cegas e a importância de continuar a produzir obras em relevo, para proporcionar-lhes iguais oportunidades de ler e aprender.
A data celebra o nascimento de José Alvares de Azevedo, primeiro professor cego do Brasil, que trouxe da França, ensinou e divulgou o sistema de leitura e escrita usado, atualmente, por milhões de pessoas cegas e com deficiência visual em todo o mundo.
O Sistema Braille é um processo de escrita e leitura baseado em 64 símbolos em relevo, resultantes da combinação de até seis pontos dispostos em duas colunas de três pontos cada. Pode-se fazer a representação tanto de letras, como algarismos e sinais de pontuação. Ele se tornou conhecido em 1837.
O autor, o francês Louis Braille, com a obra, conseguiu disponibilizar conhecimento e cultura para as pessoas com deficiência visual. Braille nasceu em 4 de janeiro de 1809, na cidade francesa de Coupvray.
Texto: Rebeca Beatriz, com colaboração do Ministério da Educação e da Secretaria de Cultura do Amazonas
Fotos: Michel Dantas e Marcello Casal Jr.