Anistia Internacional teme execução em segredo do lutador Navid Afkari, preso no Irã
Anistia Internacional, organização não governamental global com mais de 3 milhões de apoiadores, membros e ativistas que atuam para proteger os direitos humanos, entrou na briga, que toma conta das redes sociais e já mobilizou entidades como o Comitê Olímpico Internacional (COI), para evitar que o lutador Navid Afkari seja executado no Irã depois de participar de protestos contra o governo do país.
A entidade publicou em seu site oficial um texto onde diz que “as autoridades iranianas precisam imediatamente revelar o destino e o paradeiro de Navid Afkari, que está em iminente risco de ser executado em segredo”. Foi o que disse Diana Eltahawy, diretora regional da ONG no Oriente Médio e Norte da África. Além disso, a Anistia Internacional pediu uma ação urgente de órgãos dos direitos humanos dos estados-nação da União Europeia e dos membros das Nações Unidas.
Última chamada telefônica e informações:
De acordo com informações recentes obtidas pela Anistia Internacional, Navid Afkari fez uma curta chamada telefônica para sua família no dia 6 de setembro. Alem disso, conseguiu dizer que estava sendo mantido em uma ala da prisão de Adelabad, na cidade de Shiraz, que tem segurança máxima e condições precárias, isso antes de a ligação ser cortada.
Desde então, sua família não ouviu mais nada sobre ele. As autoridades se recusaram a fornecer informação sobre ele ou sobre seus irmãos, Vahid e Habib, que também estariam presos no mesmo local. Navid foi acusado de ter formado um grupo de ação contra o regime do Irã, matado um segurança e participado ativamente de manifestações nas cidades de Kazerun e Shiraz. Ele e seus irmãos tentaram recorrer às sentenças, mas tiveram os pedidos negados.
Pedido de revisão de pena:
O pedido de Navid Afkari para uma revisão da pena foi rejeitada pela Suprema Corte rapidamente. Seus pais escreveram uma carta para o chefe do Judiciário, Ebrahim Raisi, denunciando que as confissões foram obtidas sob tortura e pedindo intervenção no caso.
“Esses irmãos são as últimas vítimas do sistema criminal de justiça do Irã. E seu caso é a evidência de que a corte do país se baseia em “confissões” obtidas sob tortura para assegurar sentenças criminais. Uma clara contravenção da lei internacional” relatou Diana Eltahawy, diretora regional da ONG no Oriente Médio e Norte da África.
Atuação da Anistia Internacional:
A Anistia Internacional se opõe às penas de morte em todos os casos, independentemente da natureza do crime, das características do acusado e de quaisquer métodos usados pelo estado para executar seus prisioneiros. Para eles, trata-se de uma violação do direito à vida proclamada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Caso Navid Afkari:
Navid Afkari tem 27 anos e, além da carreira na luta olímpica, que lhe rendeu títulos no Irã, trabalhava como rebocador. Ele e Vahid são acusados de esfaquear Hassan Torkaman e formar um grupo contra a República do Irã. A única testemunha do caso, um comerciante que estava a quilômetros do local do crime, só teria dito que Navid se parece com o suspeito do assassinato.
A agência HRNA teria conseguido acesso a uma carta escrita por Navid. Na carta ele relata ter sido torturado para que confirmasse uma série de acusações falsas. Autoridades teriam sufocado o atleta com uma sacola plástica, ele teria apanhado e sido amarrado enquanto autoridades botavam álcool em suas narinas. De acordo com Bahie Namju, mãe dos irmãos, Vahid, condenado a 27 anos de prisão, tentou se matar três vezes por conta das torturas. Na carta que assina com o marido, ela diz que os irmãos foram “repetidamente agredidos e torturados durante interrogações para que fossem extraídas confissões”.
Recentemente, foi divulgado um vídeo com a voz de Navid Afkari no qual ele pede ajuda não só ao povo iraniano, mas para qualquer pessoa que valorize a dignidade humana. Ele reafirma sua inocência e diz que tem uma série de documentos que comprovam que as acusações são falsas. Bahie Namju também garante que os filhos não tiverem nenhuma chance de defesa durante os julgamentos.
Hassan Younesi, advogado que representa os irmãos, disse no Twitter que as confissões foram extraídas sob tortura, e que não deixaram os rapazes terem o advogado presente durante a interrogação no tribunal. A execução pode ocorrer a qualquer momento ou, como teme a Anistia Internacional, já ter acontecido em segredo.
Veja também: Portal Maloca – Neymar Jr tranquiliza torcedores: “Estamos bem”
Fonte: Globo Esporte