Artista indígena ganha prêmio e obra vai ao acervo Sesc de Arte Brasileira
A artista amazonense Sãnipã, da etnia Apurinã, vence premiação nacional e sua obra vai para o acervo Sesc de Arte Brasileira.
Ela venceu o Prêmio Destaque-Aquisição da 15ª Bienal Naifs do Brasil com a obra “Totem Apurinã Kamadeni”.
Sãnipã terá peça no acervo de 2.600 obras, de aproximadamente 1.800 artistas do Brasil. Entre eles os amazonenses Denilson Baniwa e Manauara Clandestina.
O prêmio é promovido há 30 anos pelo Sesc Piracicaba, em São Paulo.
Selecionada juntamente com os artistas Alexandra Adamoli, Paulo Mattos e Shila Joaquim, Sãnipã venceu a premiação com a obra Totem Apurinã Kamadeni.
A obra é uma instalação em acrílico sobre madeira composta por ouriços de castanha do Brasil e estruturas de ferro.
A obra já é conhecida dos amazonenses que vivem em Manaus. Foi concebida pela artista, no ano passado, em comemoração aos 350 anos de Manaus, para a exposição “Nipetirã – TODOS”.
Ela foi convidada pelo curador Cristóvão Coutinho, que ocorreu no Centro de Artes Visuais Galeria do Largo.
A obra de Arte
Com um júri de premiação renomado no universo da arte brasileira, composto por Nilva Luz e as curadoras da Bienal Naifs do Brasil 2020, Ana Avelar e Renata Felinto, o “Totem Apurinã Kamadeni” encantou os olhos mais exigentes com suas cores, forma e apelo de salvaguarda cultural de duas etnias indígenas da Amazônia.
Para Ana Avelar e Renata Felinto, os próprios trabalhos inscritos na Bienal Naifs deram a temperatura da pluralidade e da diversidade dessa produção de arte brasileira a qual chamamos naïf. De acordo com as curadoras, o processo de seleção de trabalhos partiu do critério da representatividade. Levando em conta as regiões de onde provêm e atuam esses artistas, suas declarações étnico-raciais, suas faixas-etárias entre outros critérios.
O Totem de Sãnipã apresenta 3 faixas de pinturas corporais e sagradas, sendo 2 dos índios Kamadeni, os olhos do pajé “Noky Zufhy”. E também mulher do pajé com poder da mãe onça “Dhumahi” e 1 dos índios Apurinã, denominado “Maka” que é uma pintura de braço do homem que está na fase final para se tornar pajé.
Sobrepostos ao redor de toda a estrutura, a artista compôs a obra com esferas de ouriço de castanha do Pará, pintadas em tinta acrílica. São 73 ouriços de uma produção de 100 expostos sob suaves estruturas de ferro que funcionam como apoiadores destes pequenos universos existentes em cada um dos ouriços.
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Fotos: divulgação