Inspirado na Amazônia e no cotidiano ribeirinho, amazonense vence festival nacional de poesia
A poesia Antepassados, de Vitor Gusmão, que faz um relato pessoal sobre Amazônia e cotidiano ribeirinho, levou a melhor no Concurso Estudantil de Poesia do Festival de Cenas Teatrais (Fescete).
O poeta amazonense e estudante de Geografia da Ufam foi o vencedor na categoria “ensino universitário”. O evento foi realizado de forma on-line, na sexta-feira (18), e reuniu novos escritores de todo o país e de todas as idades.
Ao Portal Maloca, o jovem se descreveu como alguém de múltiplas inspirações, e apaixonado pela Amazônia, o que resultou na poesia ‘Antepassados’.
“As minhas inspirações na escrita poética são muita amplas, vão de MPB a diversos cotidianos. Para a poesia Antepassados, vencedora do concurso, me inspirei bastante em elementos da cultura amazônica, na história de vida da minha família e elementos da geografia humana”, contou Vitor.
É por meio da poesia que Vitor consegue expressar pensamentos, dúvidas e vivências, como uma espécie de ‘confidência’. O vencedor do troféu, contou, ainda, que sua relação com a escrita começou ainda na infância, mas nos últimos três anos, a vontade de escrever foi intensificada. Ele possui mais de 70 poesias escritas, e pretende reunir tudo em um livro, futuramente.
“Hoje já tenho mais referências poéticas, tenho lido vários autores, testando elementos na minha escrita, mas acredito que ainda não é o momento, quero continuar me desenvolvendo para entregar cada vez mais um trabalho melhor. Tenho vontade de publicar um livro, mas preciso me desenvolver ainda mais como escritor”, disse.
Sobre o Festival
Tradicionalmente, o Festival acontece há 25 anos na cidade de Santos, no litoral de São Paulo. Este ano, por conta da pandemia, o evento foi realizado de forma on-line. Também houve premiação nas categorias: ensino fundamental I e II e Ensino Médio. Os vencedores de cada categoria receberão em casa o Troféu Iracema Paula Ribeiro.
O Fescete é organizado pela Escola de Teatro Tescom em parceria com a Prefeitura Municipal de Santos e premia apresentações teatrais de todo o país.
Veja a poesia de Vitor Gusmão:
Antepassados
Sou a árvore da semente que
cresceu com as raízes
dos meus antepassados
Sou a flor que brotou
com o suor da caminhada
quente, percorrida pelos
meus ascendentes
Sou o fruto que se deu com
as batalhas da vida difícil,
das origens dos meus precursores
Sou o filho do farinheiro, do marceneiro
e do industriário, sou neto do pescador
que trouxe até a mesa como alimento,
o famoso tambaqui assado.
Sou a canoa que o canoeiro rema,
O pescador que quer pescar o peixe,
A tarrafa e a malhadeira jogadas
dentro do rio junto com o anzol
Sou uma gota de sangue
dos portugueses, dos peruanos,
dos povos indígenas nativos,
do vizinho paraense,
do nordestino cearense
que fugiu da seca e da fome
Sou o poeta que herdou
O dom de escrever poesia,
O dom que foi deixado pelos
meus tios Antônio e Teodoro
Sou o caboclo amazonense
que assim como os meus ascendentes,
respinga o suor que escorre pelo rosto
com o corpo todo ensopado
depois de uma chuva de mormaço.
Fotos: Arquivo Pessoal