calendar_today janeiro 6, 2021 person Portal Maloca mode_comment 0

 

Em decorrência da expansão desordenada das fronteiras agropecuárias brasileiras e da exploração economicamente ineficiente, ecologicamente insustentável e socialmente injusta dos recursos naturais, percebeu-se a urgência de um novo modelo de desenvolvimento amazônico, que concilie o aumento da produção agrícola com a redução do desmatamento e a consequente redução da emissão de gases de efeito estufa.

Surge então o projeto “Assentamentos Sustentáveis na Amazônia (PAS)’, que visa reduzir o desmatamento – através do manejo florestal e aumento da rentabilidade nas áreas já abertas – e a melhoria da qualidade de vida das famílias assentadas.

 

 

Contexto

 

A urgência da inciativa justifica-se pela iminência de umas das mais temidas catástrofes ambientais atuais, qual seja, o desmatamento atingir um nível de devastação ambiental irreversível. Para o combate do tradicional desmatamento de grandes áreas estabeleceu-se uma política de combate de comando e controle, obtendo resultados significativos, no entanto, combater pequenos desmatamentos continuava sendo um desafio para as autoridades.

Então, financiado pelo Fundo Amazônia, em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Fundação Viver, Produzir, Preservar (FVPP) e dezenas de organizações de base – como sindicatos e associações – o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) desenvolveu o projeto “Assentamentos Sustentáveis na Amazônia”, a fim de fortalecer a transição da produção de agricultura familiar para uma economia de baixo carbono e como estratégia para redução de pequenos desmatamentos.

 

Projeto
 

Participam do projeto cerca de 2.700 famílias distribuídas nos assentamentos Bom Jardim (Transamazônica), onde vivem 692 famílias, Cristalino II (BR-163), com 110 famílias, e Moju I e II (Baixo Amazonas), que reúne 1.578 famílias, e ainda 350 famílias do antigo Polo do ProAmbiente da Transamazônica.

O projeto recebe apoio financeiro do Fundo Amazônia e contribuições da Climate and Land Use Alliance (CLUA), Fundação Gordon and Betty Moore e Fundação Ford.

 

 

Medidas:
 

A primeira media foi buscar a regularização ambiental dos lotes de assentados por meio do CAR (Cadastro Ambiental Rural) e a segunda foi otimizar as áreas produtivas dos assentamentos, de forma a melhorar a qualidade de vida das famílias e evitar o desmatamento de novas áreas de floresta nativa. O projeto viabiliza essas medidas por meio da assistência técnica rural, onde disponibiliza diversos técnicos extensionistas que ajudam a levar boas práticas agrícolas para as famílias beneficiadas.

A terceira medida foi a valorização da floresta, para isso foi elaborado três planos de manejo, que são inciativas comunitárias, onde se promove o uso sustentável dos recursos florestais de acordo com a legislação ambiental. Outra iniciativa foi a adoção do pagamento por serviços ambientais, uma recompensa aqueles que cumprem a legislação e mantêm as áreas de floresta.

O beneficiamento da produção também é um dos eixos do projeto, trata-se da quarta medida, a agregação de valor às cadeias produtivas, a medida se deu pela instalação de mini-indústrias de polpas, de leite e mini casas de farinha nos assentamentos incrementando a renda bruta do beneficiado e a criação de feiras e redes de distribuição em virtude da dificuldade de acesso ao mercado de algumas localidades.

E por fim, a quinta medida, o eixo de cogestão, que é o fortalecimento da gestão e disseminação de conhecimentos, onde se criou os grupos de sustentação dos projetos, formados por lideranças e entidades ligadas à agricultura familiar que apoiaram o IPAM em todo o processo.

 

Resultados:
 

Em números, de acordo com dados coletados no site do IPAM, o desmatamento foi reduzido em cerca de 79 % e a renda bruta dos beneficiados incrementada em 68 %, mostrando a efetividade do projeto. O instituto e os parceiros, entendem, no entanto, ainda ser necessário a expansão deste benefício para toda a agricultura familiar a fim de que ela se insira como agente ativo do desenvolvimento sustentável e promova uma agricultura consciente e uma Amazônia Sustentável.

 

 

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Foto: Thiago Foresti/IPAM

 

Foto: RENATO STOCKLER/ NA LATA