Médico judeu intubou paciente de covid-19 com tatuagens nazistas
Em um de seus dias de trabalho contra a pandemia de coronavírus, o médico Taylor Nichols, que atua em uma emergência na Califórnia, Estados Unidos, atendeu um paciente que chegou de ambulância com muita dificuldade de respirar. Enquanto a roupa do paciente era trocada por um avental hospitalar, Nichols viu que seu corpo era coberto por tatuagens nazistas, incluindo uma enorme suástica no peito. O médico é judeu.
“Não me deixe morrer, doutor”, pediu o paciente. “Eu garanti a ele que todos nós trabalharíamos duro para cuidar dele e mantê-lo vivo da melhor maneira possível”, disse o médico.
Publicação
O médico publicou o relato no Twitter em 30 de novembro. A história viralizou. Até 6 de dezembro, havia sido curtida quase 120 mil vezes. No dia anterior, o médico recontou o episódio em um texto no jornal americano Washington Post.
He came in by ambulance short of breath. Already on CPAP by EMS. Still, he was clearly working hard to breathe. He looked sick. Uncomfortable. Scared.
As we got him over to the gurney and his shirt off to switch a a hospital gown, we all noticed the number of Nazi tattoos. 1/
— Taylor Nichols, MD (@tnicholsmd) November 30, 2020
Equipe médica
Além de Nichols, o paciente com tatuagens nazistas foi tratado por um profissional negro e outro asiático. “Todos nós vimos. Os símbolos de ódio em seu corpo manifestavam publicamente e com orgulho seus pontos de vista. Todos nós sabíamos o que ele pensava de nós. O que ele achava sobre nossas vidas”, escreveu Nichols no Twitter.
“Mas nosso trabalho era valorizar a vida dele. Então, aqui estávamos nós, trabalhando em equipe para garantir que daríamos a ele a melhor chance possível de sobreviver. Tudo isso enquanto usávamos máscaras, aventais, protetores faciais e luvas”, escreveu no Washington Post.
Intubação
Apesar de estar recebendo suporte de oxigênio, o paciente continuava com muita dificuldade de respirar. Então, Nichols perguntou se ele gostaria de ser intubado. “Eu sabia que isso [intubação] era inevitável e queria obter sua resposta antes que a hipóxia [falta de oxigenação no sangue] o deixasse mais confuso”, escreveu no Washington Post.
A intubação é um momento delicado, porque oferece grande risco de contágio para a equipe médica. Enquanto realizava o procedimento, Nichols observou os símbolos nazistas no corpo do paciente. “Me pergunto o que ele poderia pensar de ter um médico judeu cuidando dele agora – ou o quanto ele se importaria em salvar minha vida se nossos papéis estivessem trocados”.
“Este momento capturou perfeitamente o que estamos passando como profissionais de saúde à medida que esta pandemia se acelera”, disse o médico.
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Foto: Reprodução/Twitter