calendar_today novembro 13, 2020 person Portal Maloca mode_comment 0

A Seleção Brasileira foi atingida pela covid-19 nesta quinta-feira (12), com o corte de Gabriel Menino, que testou positivo na quarta-feira, na Granja Comary. Logo após, Menino foi isolado e desconvocado, e os demais jogadores testaram negativo, mas, mesmo assim, o Brasil volta a campo nesta terça-feira (13), às 20h30, diante da Venezuela, no Morumbi, pelas Eliminatórias Sul-Americanas, sob risco de um surto de infecção pelo novo coronavírus que se espalhe para outros atletas.

 

Risco 

 

“Tem risco dele ter contagiado os outros jogadores? Sem dúvida, existe o risco. E o risco deles transmitirem para outros jogadores, sim, também existe, eles podem ser portadores do vírus. Agora, acho que é o tipo de risco que as confederações aceitaram correr para manter a atividade. Portanto, o que a CBF deve fazer agora, e acho que já está fazendo, é uma triagem, uma análise mais intensa de sintomas, principalmente com os atletas que estiveram mais próximos do Menino”, explica o Igor Maia Marinho, infectologista do Hospital das Clínicas e coordenador médico do Hospital AACD.

 

Protocolos Rígidos 

 

No entanto, a seleção brasileira vinha adotando protocolos rígidos na Granja Comary, com o uso de máscaras mesmo em entrevistas coletivas feitas online, nas quais o entrevistado não tinha proximidade com qualquer outra pessoa; por exemplo, em entrevista coletiva na última quarta-feira, Gabriel Jesus afirmou que, dentro da concentração, os atletas só retiravam a máscara na hora de fazer as refeições – mesmo neste momento, eram separados por painéis de acrílico instalados no refeitório pela CBF.

“Eu senti falta daqui, foi um longo período sem estar na seleção. O clima aqui, a alegria aqui, é diferente. Todos que vêm sentem falta depois. A resenha (com a pandemia do novo coronavírus) não é a mesma, mas tentamos conversar um pouco na hora do almoço, que tiramos a máscara por estar comendo, porque toda hora tem que estar de máscara até esse temporal passar”, contou.

 

Caso Marinho 

 

Para Marinho, o caso positivo de Menino, embora represente risco de um surto que se espalhe para os outros atletas, não significa que o protocolo seja ineficaz. Para o infectologista, qualquer iniciativa de retomada das partidas de futebol envolve necessariamente algum risco, e os protocolos adotados pela CBF fazem o possível para minimizá-lo. Sendo assim, a única alternativa para eliminar o risco seria a não realização dos jogos.

“Na verdade, protocolo infalível não existe. O vírus pode se manifestar de forma silenciosa, como aconteceu com o Gabriel Menino, não manifesta nenhum sintoma. Também é impossível testar todas as pessoas, todos dias, o teste é incômodo, pode até machucar. Os protocolos são bem elaborados, bem desenhados, mas mesmo com eles o risco existe, ele só é minimizado. É o que dava para ser feito, é um protocolo bom, não acho que é o caso de críticas à CBF. Eu diria que a CBF tem um dos melhores protocolos”, afirma o médico.

 

Testes 

 

Os atletas da seleção foram testados no início da semana, ao se apresentarem, com resultado negativo. Na quarta-feira foi aplicado novo teste, e todos os atletas testaram negativo novamente, com exceção de Gabriel Menino. A delegação só realizará testes novamente antes de embarcar para Montevidéu, onde enfrenta o Uruguai na terça, e vai a campo hoje no Morumbi sem novas testagens.

 

Teste pouco conclusivo 

 

De acordo com Marinho, um novo teste hoje, antes da partida, seria pouco conclusivo. Além disso, afirma que pelo tempo de incubação do vírus, outros atletas poderiam testar negativo mesmo caso tenham sido contaminados pelo contato com Gabriel Menino.

“Qualquer pessoa que tiver dor no corpo, tosse, náusea, dor de cabeça, qualquer sintoma deve ser afastado. Com relação a fazer o novo teste, provavelmente, se o Gabriel, que positivou, passou essa doença para outro jogador, o tempo para que outro teste microbiológico possa ser positivo é de alguns dias, então é questionável fazer outro teste, ou seja, é o tempo de incubação do vírus”, explica o especialista.

 

Surtos de Covid-19

 

Ademais, surtos de covid-19 atingiram o futebol brasileiro durante a pandemia. Por exemplo, no final de setembro, o Flamengo chegou a ter 33 casos positivos, e tentou até adiar uma partida diante do Palmeiras pelo Campeonato Brasileiro. O Santos, na última semana, teve 40 casos positivos, atingindo os times masculino e feminino.

 

Tite 

 

A situação entra no radar dos integrantes da seleção brasileira, que tem consciência do risco. Na entrevista coletiva de ontem, Tite manteve distanciamento social até de seu auxiliar técnico César Sampaio, e admitiu que o risco de contaminação é algo que passa pela sua cabeça e que a pandemia ainda é uma realidade.

“Humanamente, a primeira reação foi ‘puxa, que pena pelo Gabriel’, e, depois, ‘todos corremos esse risco’. Porque a pandemia não passou. Isso não é um medo, isso é uma verdade, isso é um fato. Nós temos que ter cuidado quanto a isso. Cada vez mais usarmos máscara, álcool gel, mantermos o distanciamento. O César Sampaio não está do meu lado hoje pelo cuidado com o distanciamento. Antes do Tite técnico, tem o Adenor, a pessoa”, disse.

Por fim, o Brasil vai a campo às 21h30 de hoje, para enfrentar a Venezuela, no Morumbi. Na próxima terça-feira, o adversário será o Uruguai, em Montevidéu.

 

 

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Foto: Lucas Figueiredo/CBF