calendar_today novembro 11, 2020 person Portal Maloca mode_comment 0

Uma fiscalização feita por indígenas waimiris-atroaris, em Roraima, detectou uma invasão de garimpeiros durante a pandemia do novo coronavírus. Além disso, segundo os indígenas, o ataque ao ecossistema da região ameaça um dos grupos isolados que já tiveram sua presença confirmada pela Funai na Amazônia, os pirititis.

 

Imagens de Satélite 

 

Imagens de satélite confirmaram a abertura de um ramal dentro da terra dos isolados, ou seja, a invasão é real. Além disso, fotografias tiradas pelos índios, obtidas pela coluna, mostram os barracos dos invasores e a derrubada na mata.

Segundo a ACWA (Associação Comunidade Waimiri-Atroari), a invasão se intensificou nos últimos dois meses, ou seja, já durante a pandemia. Os pirititis são estimados por indigenistas em mais de cem pessoas e vivem sob a proteção dos waimiris-atroaris. Esses últimos realizam o monitoramento sem tentar o contato, a fim de preservar o modo de vida dos isolados.

 

Invasão

 

A invasão foi detectada nos limites entre a terra indígena Waimiri-Atroari, homologada pela Presidência da República em 1994. A Funai interditou em 2012 a terra indígena Pirititi, sendo assim, a Instituição concede portarias de uso restrito renovadas a cada três anos, ou seja, os isolados pirititis vivem em áreas de mata nas duas terras.

 

Piritis

 

Na década de 70 os waimiris-atroari mencionaram os pirititis, no entanto,  a Funai confirmou sua presença só nos anos 2000. Em 2011, a Funai constatou a presença de malocas e roçados dos isolados. Esta junto com outros levantamentos antropológicos determinaram a interdição da área, no ano seguinte.

Além disso, uma fotografia divulgada em dezembro de 2012 mostra uma maloca e um indígena ao lado, porém, um grupo de políticos e fazendeiros da região de Rorainópolis (RR) continua questionando a existência desse grupo.

 

Fiscalização dos waimiris-atroaris

 

A fiscalização, para a qual os waimiris-atroaris partiram com arcos, flechas e máscaras a fim de diminuir o risco da infecção da Covid-19, foi dividida em duas etapas, uma no final de abril e outra nos dias 12 a 14 de maio. Os indígenas localizaram e expulsaram quatro invasores. De 18 a 20 de maio, os indígenas retornaram ao local e incendiaram todos os acampamentos.

A ação desencadeada por 15 indígenas e coordenada pela ACWA, realizou a fiscalização da terra indígena, localizada entre Amazonas e Roraima.

“Dentro dos limites da terra indígena Pirititi foram constatadas grandes derrubadas e 17 acampamentos em lona e palha. Detectou-se, também, uma pequena casa de madeira serrada já com roçados prontos, plantios de culturas regionais (banana, milho, mandioca, cana-de-açúcar e maxixe)”, afirmou a coordenação da FPEWA (Frente de Proteção Etnoambiental Waimiri-Atroari) da Funai em ofício dirigido ao Ibama, à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.

 

Ação de campo e auxílio da tecnologia 

 

Além da ação de campo, os waimiris-atroaris pediram auxílio de imagens de satélite para confirmar a invasão, então, o programa de monitoramento de áreas protegidas do ISA (Instituto Socioambiental) fez “uma minuciosa análise em imagens de alta resolução espacial obtidas pelo satélite Planet.

O trabalho confirmou “um ramal sendo aberto no interior da terra indígena”. “As imagens de satélite confirmam que a abertura do ramal começou a se intensificar em janeiro de 2020. As imagens de fevereiro e março de 2020 mostram claramente o avanço do desmatamento ao longo do ramal para delimitação e abertura de lotes”, informa o relatório do ISA.

“Os desmatamentos ilegais no interior da TI Pirititi aumentam o risco sobre o grupo de índios isolados confirmado pela Funai, bem como o risco de incêndios florestais. Os incêndios ameaçam a segurança alimentar e também trazem riscos à saúde dos grupos isolados que vivem na terra indígena; expondo-os à fumaça, que causa e agrava doenças respiratórias; o que é bastante preocupante em meio à pandemia da Covid-19; além de causar perda de peso nas crianças e morte de idosos”, diz o relatório do ISA.

 

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Foto: ACWA (Associação Comunidade Waimiri-Atroari)